A idéia de círculo hermenêutico foi consolidada a partir da publicação das obras dos pensadores Martin Heidegger (Ser e Tempo) e de seu discípulo Hans-Georg Gadamer (Verdade e Método), para os quais a hermenêutica somente se estabelece no mundo da experiência, no mundo da pré-compreensão, no qual somos e nos compreendemos como seres a partir da estrutura prévia de sentido. É a mesma base da teoria construtivista de Piaget.
Para o processo interpretativo é necessário compreender o todo de um texto a partir do entendimento das suas partes e estas a partir da compreensão do todo. Portanto, não é possível partir do ponto zero, da ausência de conhecimento anterior, mas é necessário partir de uma pré-comprensão que envolva a nossa própria relação com o todo do texto, dando lhe um primeiro sentido, o qual se torna a base para uma significação mais complexa a partir da continuidade do processo, que é dinâmico, contínuo e circular e se renova a cada esforço interpretativo. Daí, A interpretação começa com conceitos prévios, que vão sendo substituídos, por outros mais adequados na medida em que o leitor passa a ouvir a voz do texto e se deixa interpelar por ele.
O círculo hermenêutico, não se traduz pela descoberta de um sentido único, exato ou correto do texto ou da norma. Nele, enquanto a exegese estabelece cada passo ou etapa do projeto interpretativo do texto, a hermenêutica prima pela definição das condições e princípios norteadores da interpretação do texto. É um contínuo processo de execução de plano de extração de significação e o retorno de uma nova informação que será acrescida àquelas que foram obtidas anteriormente, construindo um novo conceito.
André Luiz Gomes Schröder
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