Muitos samaritanos daquela cidade creram nele, em virtude do testemunho da mulher. Jo 4.39
Um jurista, ao ouvir a palavra testemunho, vem à sua mente o ato de depoimento, de declaração proferida por uma testemunha. Este não é um conceito errôneo. Testemunhar é verdadeiramente declarar e foi o que a mulher samaritana fez ao ouvir de Cristo que Ele era o próprio Deus. Ela creu que Cristo poderia lhe dar a vida eterna e de imediato saiu a proclamar as verdades de Deus. Ela testemunhou, ela falou de Cristo. Ela tirou seus vizinhos de suas casas e os levou ao lugar onde Jesus estava, para que eles mesmos ouvissem as palavras da salvação. Ela não se envergonhou em abrir sua boca para falar.
Quanta ousadia daquela mulher. Ela foi uma "testemunha" e suas palavras foram ouvidas e foram capazes de convencer e conduzir muitas pessoas à presença de Cristo.
Naquele tempo, dentre os líderes religiosos dos judeus destacava-se os fariseus, homens zelosos da lei, diligentes no cumprimento, divulgação e ensino dos rituais e normas legais. Eram verdadeiras testemunhas da Lei de Moisés, porém Cristo os chamou de hipócritas, pois testemunhavam pela palavra e praticavam os rituais, mas em seus corações não haviam amor a Deus, ao próximo ou mesmo à lei que eles ensinavam, pois ensinavam "não adulterarás", mas cobiçavam a mulher do próximo; ensinavam "não matarás", mas odiavam uns aos outros e lhes desejavam a morte; ensinavam "amarás ao teu próximo como a ti mesmo", e para provar isso davam esmolas para que todos pudessem ver, mas não eram capazes de socorrer um ferido caído ao chão; ensinava "amarás ao Senhor teu Deus", mas consideravam um fardo fazer a vontade de Deus.
Os fariseus eram testemunhas, mas não praticavam suas palavras, seus ensinos.
No evento conhecido como "a grande comissão", após aparecer ao discípulos e ter uma longa conversa com eles, Cristo Jesus fez a promessa do dom do Espírito Santo e, segundo conta o historiador Lucas, ele mandou que todos fossem "testemunhas" de Cristo até os confins da terra [At. 1.8], enquanto Mateus, o apóstolo e discípulo que estava presente e conversou com Cristo, entendeu que Cisto mandou ir e fazer discípulos de todas as nações.
Para o cristão, diferente do jurista, testemunho não é apenas uma declaração, mas é viver em conformidade. Assim, tanto Lucas como Mateus e a história da samaritana nos ensina que devemos atrair seguidores pelo testemunho, ou seja, pela prática da palavra de Deus, pois nós somos chamados para ser luz do mundo, refletindo as verdades encontradas no pacto que temos com Deus em Jesus Cristo.
A vida do cristão deve ser coerente com aquilo que ele crê e até mesmo ensina. Em 1Jo 2.6, temos que "aquele que afirma que permanece [em Cristo] deve andar como ele andou", pois nós somos a carta viva de Cristo "conhecida e lida por todos os homens" [2Co 3.2,3], e como disse Moody "de cem homens, um lerá a Bíblia [mas], 99 lerão o cristão".
Visto que os homens leem o cristão, ou seja, olham para seus atos e leem os ensinos de Cristo, o testemunho do cristão pode até mesmo ser silencioso, sem palavras, mas deve ser um verdadeiro discipulado: o ensino pelo exemplo, refletindo os ensinos de Cristo.
Portanto, faça tudo para testemunhar de Cristo e, se necessário, use as palavras.
Pr André Schröder