BEM-AVENTURADOS OS HUMILDES DE ESPÍRITO,
porque deles é o reino dos céus
Mat. 5.3
Vivemos a era do antropocentrismo, ou seja, o homem no centro de todas as coisas. Até nas universidades é ensinado que para vencer o homem deverá acreditar em si mesmo e depositar em si a sua confiança. É a crença no potencial, na capacitação, na autorealização.
Estranhamente Cristo inaugura o Sermão do Monte declarando que bem-aventurados são os humildes de espírito. Um olhar atento revela que não é por acaso ou porque foi lembrada em primeiro lugar, que a bem-aventurança aos humildes de espírito abre o sermão mais conhecido em todo o mundo. Há um propósito divino nestas palavras, porque sem a humildade de espírito não se entra no Reino dos Céus. Somente o humilde de espírito se vê em pecado e carente da graça de Deus. Somente ele é capaz de reconhecer a soberania de Deus, o senhorio de Cristo e a transgressão do homem. Ninguém, além do humilde de espírito, se lança aos pés de Cristo e clama por misericórdia, graça e salvação. Daí, percebemos que a humildade de espírito diz respeito ao relacionamento do homem com Deus, levando-o a experimentar um novo nascimento, uma nova vida, recebendo o Consolador, aquele que é a marca distintiva dos filhos de Deus.
O humilde de espírito, portanto, é aquele que não é senhor de si mesmo, tendo em si o Espírito de Deus e por Este se deixa guiar, pois, assim como nos ensina o apóstolo Paulo, "se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis" [Rm 8.13] e viver é herdar o reino dos céus. Assim sendo, o humilde de espírito é aquele que traz consigo o consolador, o Espírito Santo, e por ele vence suas batalhas e seus desafios nas regiões celestes, se tornando mais que vencedor em Cristo [Rm 8.37], porém servo de Deus.
Daí, ser humilde de espírito não é uma questão de aparência humilde, simples, pobre, desprovido de vontade própria e que impressiona a todos e desperta piedade pela submissão aos outros. Portanto, ser humilde de espírito não decorre do esforço próprio para "parecer" humilde. É antes uma questão interior de amor a Deus e ao próximo, que busca fazer a vontade de Deus e de servir aos irmãos, tendo-os superiores a si mesmo [Fl 2.3], porém em decorrência e movidos pelo amor de Cristo, o qual nos ensina, a nos despir do orgulho pessoal, da vaidade, da cobiça e do egoísmo, e fazer florescer, a cada manhã, a dependência de Deus, reconhecendo que acordamos para mais um dia debaixo da graça e da misericórdia de Deus, sendo que nada faremos sem a sua direção, que nada alcançaremos se não for por ele e que tudo devemos ao Deus dos céus e da terra.
Que Deus nos tenha em humilde submissão ao seu senhorio.
Pr André Schröder
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