sábado, 2 de junho de 2012

SOMOS MAIS DO QUE VENCEDORES! PORQUÊ


Romanos 8.31-39


Nesta semana deparei-me com um cartão com os seguintes dizeres: "Conheça um vencedor".  Ao abri-lo, foi exibido um espelho e abaixo os dizeres: somos mais que vencedores por meio daquele que nos amou. Sabemos que esse é um velho recurso utilizado para despertar a reflexão e a autoconfiança e que por ser antigo já não causa tanto interesse como em tempos passados, porém, ao abrir o cartão e perceber  a existência de um espelho alinhei-o com meu rosto para ver minha imagem e subitamente percebi que ali não estava refletido meu rosto, mas sim uma máscara branca,  utilizada no momento em razão do acidente que sofri, no qual tive grande parte do rosto afetado por queimaduras.


O autor do cartão esperava que quem o manuseasse, ao abri-lo, enxergasse a si mesmo no espelho e também leria  a mensagem e concluir: SOU MAIS QUE VERCEDOR! Porém, aquele que foi refletido no espelho não era eu. Havia uma máscara que cobria meus ferimentos, minhas imperfeições, meus defeitos e também que estava me protegendo dos raios de luzes que podem ser prejudiciais nessa faze de recuperação. 


Tal situação fez-me refletir sobre como eu poderia ser um vencedor se experimentava a dor e as marcas  das opressões e infortúnios da vida que corriqueiramente revelam a fragilidade humana e ceifam a vida de milhares de pessoas. Afinal que vencedor é esse que não pode livrar a si mesmo do acaso e nem mesmo pode acrescentar um só palmo na medida de sua vida? Como posso ser classificado como vencedor?


Quando lemos Romanos 8.37, percebemos a existência de uma relação de causa e efeito e concluímos: somos vencedores, porque Cristo venceu. Modernamente, a partir do período pós-reforma, influenciada pelo antropocentrismo, a teologia dominante tem uma ênfase na vida interior do indivíduo e ressalta os aspectos da prática individual em busca da vida moral ideal, da santificação,  da espiritualidade, enfim, de como deve ser a vida de quem tem uma experiência intima e verdadeira com Cristo. Tal abordagem  não é errônea porém tende a  reduzir o cristianismo a um "estilo de vida" e  esquecer, ou pelo menos, deixar de dar ênfase ao que "Jesus Cristo fez pelo pecador".  O sentimento de vitória produzido nesse contexto é cruel, pois somos levados a cobrar de nós mesmos a vitória aos olhos do homem, ou seja, o triunfo glorioso daqueles que vencem sem dificuldades, percalços ou subjugação.  Jó, homem justo e temente a Deus, foi vítima da teologia dos supercrentes mais que vencedores,  filhos do Rei, intocáveis, que  reprimem todas as hostes malignas e que voam por sobre as tempestades, pois vemos em sua história que os amigos de jó lhe cobravam uma explicação sobre os infortúnios que vieram sobre ele, pois não sabiam eles que o sofrimento de Jó fora posto para provar ao nosso acusador [Satanás] que o homem é capar de ser fiel a Deus e assim, com a fidelidade de Jó o Criador fosse glorificado.


Quando percebemos o contexto teológico em que vivemos e buscamos uma releitura do texto paulino da Carta aos Romanos cap. 8.31-39, percebemos que a mensagem da vitória e do ser glorificado perante Deus não aponta para nós mesmos, mas para Cristo Jesus, pois nós estamos sujeitos às tribulações, angústias, perseguições, prisões, tentações e outros infortúnios, porém nossa vitória não está em um blindagem contra toda e qualquer tribulação, mas nossa vitória está em Cristo Jesus que nos resgatou das garras do pecado e nos justificou, dando-nos paz com Deus [Rm 5.1].


Assim, quando você olhar em um espelho procurando ver um vencedor, saiba que no espelho deve ser refletido o caráter de Cristo, pois entre o homem e Deus está Cristo Jesus, aquele que sofreu em uma cruz para que quando eu e você nos apresentarmos perante Deus, todas as nossas imperfeições e defeitos estejam encobertos pela glória de Cristo, além do mais, enquanto nós vivermos ele poderá nos proteger das setas malignas do Diabo e jamais seremos resgatados de suas mãos, pois sua salvação é completa. Portanto, a nossa vitória não está em nós mesmos, não está na figura do supercrente que não passa por tribulações, mas nossa vitória está em Cristo Jesus, em permanecermos como servos fiéis ainda que paire sobre nós as negras nuvens que impedem ver a calmaria mas que possibilitam ver a glória de Cristo, da qual seremos participantes.


Portanto, amado irmão,ser vencedor não é viver sem tribulações, mas é permanecer em Cristo Jesus mesmo em face das tribulações.


Pr  André Schröder.

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