sábado, 25 de fevereiro de 2012

DEIXE O MUNDO DO LADO DE FORA DE SUA VIDA

Ao fazer o belo discurso de instrução para os discípulos, o qual antecedeu a sua crucificação, Cristo lhes disse que "[...] o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. Não rogo [a Deus] que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno" (João 17.14 e 15).
A Bíblia nos ensina que sempre que o homem crê no amor salvador de Deus, em Cristo Jesus, opera-se um novo nascimento e a pessoa deixa de pertencer a este mundo, o mundo em que satanás age induzindo o homem ao pecado e a desobediência a Deus. Assim, quando entendemos o amor de Deus e nos reconhecemos como pecador, somos novas criaturas e as coisas velhas já passaram e eis que tudo se faz novo. Daí, seria compreensível aos olhos do homem, sempre que houvesse uma conversão, acontecesse um arrebatamento repentino e imediato, porém o propósito de Deus não é tirar seus filhos deste mundo, mas que seus filhos viva no mundo e sirva de luz e sal do mundo. 
Portanto, a vida do verdadeiro filho de Deus neste mundo, deve ser como um navio no mar, pois ele pode navegar eternamente se a água não entrar nele. Assim, o perigo não está no navio na água, mas a água no navio, a qual o fará afundar. Da mesma forma, "não é o Cristão no mundo mas o mundo no cristão que constitui o perigo.  Qualquer coisa que ofusca a minha visão do Senhor Jesus, ou afasta-me do prazer de estudar a Bíblia, ou paralisa minha vida de oração, ou dificulta o meu trabalho cristão, está errado para mim e eu devo rejeitá-la" (J.  Wilbur Chapman).
Assim, o cristão deve preocupar-se com seu relacionamento com o mundo. Você está no mundo ou o mundo está em você? Você é luz para o mundo ou a lama do mundo está ofuscando a sua luz? As pessoas olham para você e vê retidão, justiça, compaixão e amor ou vê somente pecado, rancor, ódio, maledicência maldade, injustiça e testemunho que envergonha a cruz de Cristo? Você tem fugido das ciladas do diabo ou o diabo usa você para preparar ciladas para outras pessoas? 
Se você pensa que seu "pecadinho" não terá nenhuma influência em sua vida espiritual, saiba que está enganado, pois a perda da comunhão com Deus se dá com o simples ato de virar as costas para Deus, ainda em sua presença. Assim como o navio começa a afundar quando tem alguns litros de água em seu interior, o cristão começa a afundar espiritualmente quando um pequeno pecado se instala em seu coração. O navio poderá ser salvo se for impedida a entrada de água em seu interior, bem como o cristão poderá manter sua comunhão com Deus se rejeitar o pecado logo que ele tentar encontrar espaço em sua vida. Portanto, feche, para o pecado, a porta do seu coração e glorifique e engrandeça o nome do Senhor Jesus.
Você pode viver no mundo, mas não deixe o mundo viver em você.
"Chegai-vos para Deus, e ele se chegará para vós.  Limpai as mãos, pecadores; e, vós de espírito vacilante, purificai os corações" (Tiago 4:8).
Pr André Schroder
Andre Schroder

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012


BEM-AVENTURADOS OS HUMILDES DE ESPÍRITO,

porque deles é o reino dos céus


Mat. 5.3





Vivemos a era do antropocentrismo, ou seja, o homem no centro de todas as coisas. Até nas universidades é ensinado que para vencer o homem deverá acreditar em si mesmo e depositar em si a sua confiança. É a crença no potencial, na capacitação, na autorealização.


Estranhamente Cristo inaugura o Sermão do Monte declarando que bem-aventurados são os humildes de espírito. Um olhar atento revela que não é por acaso ou porque foi lembrada em primeiro lugar, que a bem-aventurança aos humildes de espírito abre o sermão mais conhecido em todo o mundo. Há um propósito divino nestas palavras, porque sem a humildade de espírito não se entra no Reino dos Céus. Somente o humilde de espírito se vê em pecado e carente da graça de Deus. Somente ele é capaz de reconhecer a soberania de Deus, o senhorio de Cristo e a transgressão do homem. Ninguém, além do humilde de espírito, se lança aos pés de Cristo e clama por misericórdia, graça e salvação. Daí, percebemos que a humildade de espírito diz respeito ao relacionamento do homem com Deus, levando-o a experimentar um novo nascimento, uma nova vida, recebendo o Consolador, aquele que é a marca distintiva dos filhos de Deus. 


O humilde de espírito, portanto, é aquele que não é senhor de si mesmo, tendo em si o Espírito de Deus e por Este se deixa guiar, pois, assim como nos ensina o apóstolo Paulo, "se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis" [Rm 8.13] e viver é herdar o reino dos céus. Assim sendo, o humilde de espírito é aquele que traz consigo o consolador, o Espírito Santo, e por ele vence suas batalhas e seus desafios nas regiões celestes, se tornando mais que vencedor em Cristo [Rm 8.37], porém servo de Deus.


Daí, ser humilde de espírito não é uma questão de aparência humilde, simples, pobre, desprovido de vontade própria e que impressiona a todos e desperta piedade pela submissão aos outros. Portanto, ser humilde de espírito não decorre do esforço próprio para "parecer" humilde. É antes uma questão interior de amor a Deus e ao próximo, que busca fazer a vontade de Deus e de servir aos irmãos, tendo-os superiores a si mesmo [Fl 2.3], porém em decorrência e movidos pelo amor de Cristo, o qual  nos ensina, a nos  despir do orgulho pessoal, da vaidade, da cobiça e do egoísmo, e fazer florescer, a cada manhã,  a dependência de Deus, reconhecendo que acordamos para mais um dia debaixo da graça e da misericórdia de Deus, sendo que nada faremos sem a sua direção, que nada alcançaremos se não for por ele e que tudo devemos ao Deus dos céus e da terra.


  Que Deus nos tenha em humilde submissão ao seu senhorio.


Pr André Schröder

sábado, 4 de fevereiro de 2012

JESUS, O PÃO DA VIDA
Jo 6.35
Após realizar o grande milagre da multiplicação dos pães a multidão procurava, ansiosamente, encontrar Jesus. Aquele que esquadrinha mentes e corações revelou a intenção da multidão e Jesus declarou: "me buscais, não pelos sinais miraculosos que vistes, mas porque comestes do pão, e vos fartastes" (v.26). Ao ver o coração materialista do povo que buscava a prosperidade e se esquecia da salvação, Jesus advertiu-os dizendo: "Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna" (v.27).
Jesus não pregou a ociosidade. Não revogou a ordem de Deus para que o homem trabalhe a terra para produzir seu mantimento. Afinal, "se alguém não quer trabalhar, também não coma" (II Ts 3.10). O mensagem de Jesus é para que o homem se preocupe com as verdades espirituais; que reconheça a soberania de Deus; preocupe-se com o destino de sua alma; que alimente seu espírito com as verdades de Deus. Por isso, enfaticamente, Ele diz: "Eu sou o pão da vida. [...] Quem come a minha carne, e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia" (v. 35, 54).
Jesus conhece o desejo secreto e a vontade de cada coração. Ele sabe exatamente o que nos motiva e porque estamos na igreja ou fora dela, porque cantamos ou porque oramos. Ele sabe se queremos buscar a Deus de todo o coração ou se apenas queremos nos apresentar "justos" perante os homens; ou ainda se desejamos apenas suas bênçãos materiais ou se  apenas temos o juízo de Deus, cultuando o medo do castigo eterno, e praticando uma religiosidade ritualística, sem o verdadeiro amor a Deus. 
Exatamente porque o homem não tem os pensamentos e os caminhos iguais aos de Deus (Is 55.8), bem como não tem um coração que, naturalmente, se firme em Deus, é  que Jesus manda que trabalhemos pela comida espiritual. A ordem de Cristo é para termos uma atitude proativa. Não é para sentarmos no banco da igreja e esperarmos ser cheios do Espírito Santos. A ordem é "trabalhar". Como trabalharemos em busca do alimento espiritual e como nos alimentaremos da carne e do sangue de Cristo? John Charles Ryle nos ensina que:
Precisamos ler nossas Bíblias como quem procura um tesouro escondido e lutar com sinceridade em oração, como alguém que ouve a leitura de um testamento. Devemos lutar diariamente contra o pecado, o mundo e o diabo, como alguém que luta pela liberdade e precisa vencer, pois, do contrário, será escravizado. […] É isto que significa "trabalhai". Este é o segredo de sermos vitoriosos quanto à nossa alma. Precisamos nos esforçar, apressar, lutar e aplicar todo o nosso coração às questões de nossa alma. "Os que se esforçam" são os que se apoderam do reino dos céus (Mt 11.12).  [Ryle, J.C. Meditações no Evangelho de João. São José dos Campos : Ed. Fiel, 2011. p. 74].
Assim, trabalhemos, incansavelmente, pelo alimento espiritual, para que vivamos por Cristo, assim como Cristo amou o Pai e viveu por Ele (v.57).
Pr André Schröder