segunda-feira, 13 de junho de 2011

SUJEITAR A TERRA: RESPONSABILIDADE DO HOMEM

Os primeiros versículos do capítulo primeiro de Gênesis relata a obra criadora de Deus como um preparativo da terra para receber o homem, imagem e semelhança de Deus, coroa da criação, e constituído rei, desde sua concepção, para ter domínio efetivo sobre a criação e usufruir da produção terrestre.

Para confirmar o domínio sobre a criação, determinou Deus que o homem desse nome à criação, inclusive à mulher. Na economia Divina, aquele que domina é quem dá nome, razão pela qual Deus, no passado, mudou o nome de muitos, caracterizado uma nova vida de submissão a Deus.

O homem também recebeu a incumbência de dar continuidade à obra de Deus, por meio do povoar e sujeitar a terra. Vale ressaltar que o homem não recebeu tal atribuição após o dilúvio [Gên. 9:1], mas que sobreviria aos animais pavor e medo do homem, o que pode indicar que, após a queda do homem ele deixou de ter a capacidade de conduzir-se corretamente nessa missão, mas tal entendimento pode ser mitigado uma vez que não foi revogada tal missão, assim como não foi revogada a missão de gerar o Salvador.

Fazemos um parêntese para apontar a obra dada ao homem no capítulo terceiro: tendo o homem caído em pecado, prevaleceu sobre ele o domínio satânico. A obra de Deus inclui também a vitória sobre aquele que era anjo de luz e desejou ser maior que Deus, mas foi condenado a ser subjugado no inferno. Daí o homem recebeu a missão de gerar aquele que haveria de esmagar a cabeça da serpente e restaurar a comunhão entre o homem e Deus. Logo, a obra de Deus não se completou no sétimo dia, mas neste dia completou Deus a obra ao nível necessário para atribuir ao homem a responsabilidade de continuar com a missão de se constituir o "louvor da glória de Deus".

Retomando o tema, a missão de dar continuidade à obra de Deus, de sujeitar a terra, ter domínio e desfrutar da produção da terra, evoca um elevado grau de responsabilidade, pois sujeitar, dominar e desfrutar não coaduna com a destruição, pois a ordem Divina assemelha-se à missão de um mordomo que deve "zelar como se fosse seu", ou ainda com maior rigor por se tratar de um bem alheio.

A missão de povoar a terra nos dá o entendimento que todos os descendentes de Adão possuem direitos iguais sobre ela.

Ao atribuir um caráter semelhante ao de Deus, o homem também recebeu a missão de ser justo, zeloso, misericordioso, compassivo, cheio de graça, além de outros atributos necessários e para que se manifeste o integral cumprimento da ordem de amar ao próximo como a si mesmo.


Andre Schroder

JUSTIÇA SOCIAL OU JUSTIÇA CRISTÃ?


O cristão deve refletir sobre a necessidade de uma justiça social que reduza a exploração trabalhista e a desigualdade social. 


Quantos trabalhadores tem suas forças e saúde sugadas em subempregos que não lhes dão a garantia nem da sobrevivência familiar, sendo necessário que até as crianças trabalhem para complementar a renda familiar e, após gerar riquezas para seus patrões, são despedidos ou chegam ao final de suas vidas sem ter, sequer uma casa para moradia. Esse quadro não é raro, basta lançar os olhos sobre os trabalhadores da construção civil que constroem prédios e  mansões, mas aposentam-se em um barraco paupérrimo e de aluguel.


A igreja possui uma missão: proclamar o evangelho. Esta missão é acompanhada do imperativo "fazei discípulos". O Fazer discípulos induz ter as mesmas práticas de Cristo. Cristo declarou que foi ungido para "evangelizar os pobres [...], proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para por em liberdade os oprimidos".


O evangelizar não pode estar desassociado da missão de libertar os oprimidos, de amparar os pobres, de fazer justiça, não só a pessoal, mas também a justiça social.


Identificamo-nos, hoje, com o quadro vivido por Neemias, o qual encontrou homens instruídos nas Leis do Senhor, mas que praticavam a injustiça da escravidão, símbolo do egoísmo máximo, pois hoje muitos são aqueles que conhecem as sagradas escrituras, porém exploram a mão de obra do pobre. Acham pesado assalariar seus prepostos, mas esbanjam com o luxo e a vaidade.


Poucos são aqueles que estão dispostos a fazer como Neemias, abrir mão do "direito que lhe assiste" para não oprimir ainda mais o fraco e necessitado.


Vejo que o mais deprimente não é a injustiça do ímpio, mas a injustiça dos salvos que estão debaixo da graça de Deus e cometem a injustiça com o próximo enquanto deveria se constituir o defensor da justiça, segundo o discipulado de Cristo.



Andre Schroder