domingo, 11 de julho de 2010

Religião na ótica de Durkheim





Para compreender o
conceito de religião formulado por Durkheim, é necessário
acompanhar a evolução de seu pensamento sociológico. Durkheim
inicialmente estabelece como objeto de estudo a religião, passa a
observar as sociedades pequenas e considera que a religião é uma
“coisa social”, daí seu objetivo primordial foi “saber
qual
a religião mais primitiva e a mais simples
”,
para então entender o que é religião.


A
partir da comparação dos sistemas religiosos estudados, Durkheim
observa a presença da idéia do sobrenatural, do mistério, do
incognoscível, enigmático e incompreensível. Tomado por base esse
aspecto, a religião é “
uma
espécie de especulação sobre tudo o que escapa à ciência e, de
maneira geral, ao pensamento claro
”,
porém Durkheim refuta a idéia da irracionalidade e aponta a
religião como um sistema de procedimentos psicológicos, que tem por
base o convencimento e a comoção por meio das palavras, seja por
oferendas ou sacrifícios, para um ser espiritual, ou seja, “

poderia haver religião onde há preces, sacrifícios, ritos
propiciatórios etc.


Ao desenvolver a
crítica de seus pensamentos, Durkheim observa que sua hipótese não
é válida, pois existe religiões onde o conceito de deuses e seres
espirituais está ausente ou ocupa um papel secundário, como no
Budismo, assim ele mostra que a religião vai muito além do conceito
de divindade e de seres espirituais, logo sua premissa não estava
certa.


Daí,
Durkheim mostra que religião aproxima-se do conceito de Folclore ao
entrelaçar rituais folclóricos anteriores à religião dominante,
assim, “
uma
definição que não levasse isso em conta não compreenderia,
portanto, tudo que é religioso
”.


Para
o autor, o folclore como fenômeno religioso se manifesta em ritos e
crenças. As crenças “
supõe
uma classificação das coisas, reais ou ideais, que os homens
concebem, em duas classes

o sagrado e o profano, que são consideradas pelo espírito humano

como
dois mundos entre os quais nada existe em comum, apesar de existir
uma possibilidade de um ser passar (em uma verdadeira metamorfose) de
um mundo para o outro, através de ritos de iniciação em um
ambiente de dependência recíproca entre o homem e seus deuses, pois
sem os homens os deuses morreriam .


No
dizer de Durkheim, as

“coisas sagradas são aquelas que as proibições protegem e
isolam; as coisas profanas, aquelas a que se aplicam essas proibições
e que devem permanecer à distância das primeiras”. As crenças
religiosas são representações que exprimem a natureza das coisas
sagradas e as relações que elas mantêm, seja entre si, seja com as
coisas profanas. Enfim, os ritos são regras de conduta que
prescrevem como o homem deve comportar-se com as coisas sagradas
.”


Para
se chegar ao conceito de religião, o autor ainda apresenta uma ordem
distinta da religião, que é a magia, vez que esta também tem seus
ritos, crenças, mitos e dogmas, mas há uma diferença, a magia não
se preocupa com especulações e “
a
magia tem uma espécie de prazer profissional em profanar as coisas
sagradas
”,
por isso, a religião


a magia com desagrado e a repele. Diferentemente da magia, a
religião tem um tom social decorrente das crenças religiosas que
levam à uma necessidade de ligar os homens em uma interação
comunidade x comunidade; comunidade x igreja e igreja x igreja, fator
essencial para uma continuidade religiosa, o que não acontece na
âmbito da magia.


Posto
o pensamento de Durkheim, é possível compreender sua definição de
religião a partir de uma concepção coletivista, a qual consiste
em:
“um
sistema solidário de crenças e de práticas relativas a coisas
sagradas, isto é, separadas, proibidas, crenças e práticas que
reúnem numa mesma comunidade moral, chamada igreja, todos aqueles
que a elas aderem
.”




Como ser "apaixonado" por Deus?





Nutrir paixão por Deus Pai, Filho e Espírito Santo, é, em razão da
simpatia, afeição e amor inicial, nutrir um desejo de proximidade
constante do Deus Trino, de modo que seja suscitado, diuturnamente, o
desejo de conhecimento do caráter, dos sentimentos e das ações, de
tal modo que leve a um desejo de identidade [tornar-se igual], a fim de
dedicar-se e praticar o que agrada a Deus, de modo tão intenso que
crie um sentimento de dependência.


Portanto, a verdadeira
paixão por Deus é capaz de produzir a “sede por Deus” e a
mortificação do eu, para que, como Paulo, possamos dizer: “Estou
crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo
vive em mim”.


Ó
Deus, tu és o meu Deus; ansiosamente te busco. A minha alma tem sede
de ti; a minha carne te deseja muito [...]” Salmo 63:1



O Temor a Deus.




Temor,
traduzido do grego, aponta para um sentimento de fobia, porém o temo hebraico
aponta para um sentimento de reverencia, respeito e honra. A temeridade, o
temor, que se deve ter para com Deus é exatamente o temor reverencial que produz
respeito, honra e admiração a Deus por seus atributos, leis, obra e, sobretudo,
por sua soberania e santidade. Portanto, ser temente a Deus é ter um sentimento
de reverência, respeito e reconhecimento de seu domínio sobre todo o cosmos,
principalmente sobre minha própria vida, de tal modo que haja ações de graça, honra
e louvor pela grandeza de seu poderio e benignidade.


"Quem não te temerá, Senhor, e não glorificará
o teu nome? Pois só tu és santo; por isso todas as nações virão e se prostrarão
diante de ti, porque os teus juízos são manifestos
.
" (Apocalipse 15: 4)

sexta-feira, 19 de março de 2010

Viver sob autoridade ou levar a Vida de Servo?

Viver sob autoridade é acatar integral as leis, ordens e princípios que regulam um sistema, conforme são emanados daquele que possui reconhecida legitimidade, competência e poder para gerenciar. É pois,  viver sob o domínio.

No ato da criação Deus reuniu os atributos para exercer autoridade sobre o homem., porém deu-lhe o lívre arbítrio para escolher entre obeder a Deus ou seguir seu próprio caminho.

Ao escolher ser servo, o homem faz a livre opção de obedecer as leis e princípios morais e espirituais revelados por Deus, os quais devem ser seguidos continuamente, dando lugar à vontade de Deus e em substituição à própria vontade humana, para que assim possa viver sob o domínio e santo temor de Deus.

"Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor" Hb 12.28.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Espiritualidade é relacionamento.


          A espiritualidade se desenvolve em um âmbito de relacionamento entre o indivíduo e Deus, entre o indivíduo e demais cristãos e entre os cristãos [igreja] e Deus. Muitos priorizam o relacionamento espiritual entre si e Deus, menosprezam o relacionamento entre os irmãos, mas tal atitude é contrária à espiritualidade, pois  “as virtudes cristãs nunca são experimentadas solitariamente”, portanto, a igreja é o campo de prova da espiritualidade. É onde haverá o auxílio mútuo para que todos cresçam, mas também será evidenciado se há uma negação da natureza humana para que sobressaia a vontade de Deus. É onde será revelado “quem sou eu”, “qual a minha espiritualidade”.


          Assim, ao buscar a espiritualidade cristã aderimos a uma aliança de relacionamento com Deus e seus irmãos, onde a principal regra é “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, para que então sejamos parte do corpo de Cristo.





Eféios 4:11- 13


E ele deu uns como apóstolos, e outros como profetas, e outros como evangelistas, e outros como pastores e mestres, tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo;  até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem feito, à medida da estatura da plenitude de Cristo;


segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

A IGREJA QUE EU PRECISO SER

Eu ainda anseio ver uma igreja ortodoxa e piedosa. Uma igreja que tenha
palavra e poder, uma igreja que tenha doutrina e vida. Eu ainda anseio
ver aqueles que conhecem a verdade sendo transformados por ela a ponto
de se tornarem pessoas humildes e não arrogantes.

Eu
ainda anseio ver uma igreja cujas obras provem a sua fé e cuja fé honre
ao seu Senhor. Eu ainda anseio ver uma igreja que pregue com
fidelidade, ensine com autoridade e cante louvores a Deus com fervor.
Eu anseio ver uma igreja onde Jesus tenha supremacia e as pessoas sejam
verdadeiramente amadas. Eu creio que meus olhos verão ainda essa
realidade.

A fé vê o invisível. Ela caminha no meio da escuridão
das circunstâncias, guiada pela luz da verdade. Os olhos da fé não
estão postos na improbabilidade da situação circundante, mas nas
promessas fiéis dAquele que não pode falhar. Mesmo que os horizontes
sejam pardacentos, mesmo que as circunstâncias sejam desfavoráveis,
mesmo que a oposição seja sem trégua, eu ainda anseio ver uma igreja
onde a doutrina dará as mãos ao fervor, onde a ortodoxia se vestirá com
a túnica da santidade, onde a reforma desembocará no reavivamento.

Estou
cansado de ver o povo de Deus bandeando ora para um extremo ora para
outro. Aqueles que são mais zelosos da doutrina, não raro são os mais
apáticos no fervor. Aqueles que mais conhecem menos fazem. Aqueles que
têm mais luz muitas vezes são os que têm menos calor. Aqueles que
estadeiam sua cultura são os que menos refletem a doçura do Salvador.
Ah! Eu ainda anseio ver uma igreja firmada na doutrina dos apóstolos,
que ora e cante com entusiasmo. Uma igreja que tenha temor de Deus e
alegria do Espírito. Uma igreja que tenha profunda comunhão interna e
grande simpatia dos de fora.

Vejo com tristeza aqueles que
tolamente abandonam a doutrina para buscar experiências arrebatadoras.
Onde falta a semente da Palavra, não se vê o fruto da verdadeira
piedade. Não é a experiência que conduz à verdade, mas esta deságua
naquela. A vida decorre da doutrina e não esta daquela. Precisamos de
uma igreja que seja ortodoxa sem deixar de ser ortoprática. Os que se
desviaram da Palavra em busca de experiências, precisam de uma nova
reforma e os que se desviaram da piedade e ainda conservam sua
ortodoxia precisam de reavivamento. Eu ainda anseio ver uma igreja
doutrinariamente fiel, mas que seja ao mesmo tempo amável e acolhedora
aos que se aproximam. Uma igreja que ensine doutrina com zelo, mas que
adore a Deus com fervor. Uma igreja que prega a verdade, mas vive em
amor. Uma igreja onde a proclamação não está na contramão da comunhão.

Eu
ainda anseio ver uma igreja que seja fonte para os sedentos, oásis para
os cansados, refúgio para os aflitos, lugar de vida para os que
cambaleiam na região da sombra da morte. Eu anseio ver uma igreja que
viva para a glória de Deus, que honre o seu Salvador, que seja cheia do
Espírito Santo, que adore a Deus com entusiasmo, que pregue sua Palavra
com fidelidade e acolha as pessoas com efusiva alegria e redobrado
amor. Que o meu e o seu anseio se tornem motivo das nossas orações até
que vejamos cair sobre nós essa bendita chuva da restauração
espiritual.
“A arrogância antecede a destruição, e a altivez do espírito antecede a queda”.

“O
que acontece com os homens é o mesmo que acontece com os animais; a
mesma coisa acontece para ambos. Assim como um morre, morre também o
outro (...). O homem não tem vantagem sobre os animais. Tudo é Ilusão.
Todos vão para o mesmo lugar; todos são pó e todos retornarão ao pó”.
Salomão, em Provérbios 16.18 e Eclesiastes 3.19-20

Fonte: O Rev. Hernandes Dias Lopes é
o pastor titular da Primeira Igreja Presbiteriana de Vitória-IPB -
http://www.ipbvit.org.br