sexta-feira, 29 de março de 2013

UMA PÁSCOA SEM CORDEIRO?



No primeiro dia da festa dos Pães sem Fermento, quando sacrificavam o cordeiro pascal, [...]


Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e, abençoando-o, partiu-o e lhes deu, dizendo: Tomai; isto é o meu corpo.


E tomando um cálice, deu graças e entregou-o aos discípulos, e todos beberam dele. E disse-lhes: Isto é o meu sangue, o sangue da aliança derramado em favor de muitos.  (Mc 14.12,22-24)






Jesus havia se reunido com seus discípulos para celebrar a páscoa e naquele dia o ritual foi diferente do estabelecido pela tradição judaica.
Após Deus instituir a Páscoa quando seu povo saía do Egito, essa cerimônia passou a ser celebrada como um memorial em que os judeus recontam a libertação da escravidão do Egito, no dia em que sacrificaram um cordeiro e marcaram suas portas com seu sangue em sinal de que aquela era uma casa que abrigava os filhos de Deus. A páscoa significava a “passagem” da escravidão para a liberdade.
Durante a festa aquele que presidia a cerimônia levantava um cálice e anunciava qual o motivo da cerimônia, explicava porque o cordeiro foi morto e também porquê estavam comendo pães sem fermento.
Por muitos e muitos anos assim foi celebrada a páscoa e até hoje ainda se faz assim entre os judeus que não aceitaram a vinda do messias, mas naquela noite foi diferente. Marcos diz que enquanto comiam Jesus mudou o ritual e ensinou uma nova maneira de celebrar a páscoa.
Jesus falou a seus discípulos que o pão que eles comiam e que representava o sofrimento no Egito, agora era o pão da sua aflição, o pão que representava sua amargura na cruz. O vinho não representava mais a alegria presente na festa de celebração do fim da escravidão, mas ganhava um novo significado ao lado da alegria, significava agora o sangue de Cristo derramado para lavar os pecados e marcar aqueles que pela fé são filhos de Deus.
A mova celebração da páscoa, apenas com pão e vinho, pode ter intrigados os discípulos. Para a mente judaica era impossível aceitar uma páscoa sem o cordeiro, afinal, Deus mandou imolar o cordeiro para marcar com o sangue, as casa de seus servos fieis. Não demorou muito para os discípulos entenderem onde estava o cordeiro da páscoa.
Após a morte na cruz, certamente os discípulos lembraram-se do brado de João Batista: “eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Estas palavras na memória os fez entender que Cristo Jesus é o Cordeiro de Deus e o sangue do seu sacrifício seria derramado uma única vez, porém suficiente para marcar todos quantos se achegarem a Ele, crendo em sua morte vicária, capaz de pagar nossos pecados e nos tornar filhos de Deus.
Jesus é nosso cordeiro pascal. Ele é a nossa “passagem” da escravidão do pecado que produz morte para a liberdade em Cristo que nos dá a vida eterna com Deus.
Cristo é a “passagem” para a vida! Aleluia.


Pr André Luiz Gomes Schröder


sábado, 23 de março de 2013

A VIDA DE APARÊNCIAS

Jesus sentiu fome. Avistando de longe uma figueira com folhas, foi verificar se acharia nela alguma coisa. Aproximando-se, nada achou, senão folhas, pois não era época de figos. 
Então Jesus disse à figueira: Ninguém jamais coma do teu fruto. E seus discípulos ouviram isso. 
Quando passavam na manhã seguinte, viram que a figueira havia secado desde as raízes. Então Pedro, lembrando-se, disse-lhe: Mestre, olha; a figueira que amaldiçoaste secou. (Mc 11.12-14, 20, 21)

Os comentaristas bíblicos ensinam que as folhas das figueiras aparecem em março ou abril e seus frutos em junho. Junto com a folhagem, nova, viçosa, de boa aparência, surgem pequenos nódulos comestíveis, prenúncio da produção dos figos tão apreciados pelo povo do oriente médio e, mesmo após a safra de figo, permanece alguns frutos, mais minguados, entre as folhas que logo cairão com o verão intenso da região árida. 

Pelo relato do Evangelista Marcos, na segunda-feira da semana santa Cristo avistou uma bela figueira, cheia de folhas e se aproximou em busca desses nódulos que são promessas de frutos. Mais que saciar sua fome, o objetivo de Cristo era deixar seu ensinamento. Ele já havia dito que toda árvore que não produz  bom fruto deve ser cortada e lançada ao fogo (Mt 7.19). Ao olhar para a figueira, certamente Cristo não esperava encontrar uma safra abundante, pois ainda não era chegada a hora da colheita, mas ao procurar entre as folhas, Ele não encontrou nem mesmo promessa de frutos.
Deus ensinou a Israel que a figueira simboliza o seu povo e Cristo confirmou esse ensinamento, portanto, assim como Cristo se aproximou da figueira para examinar se havia a mínima promessa de frutos, Ele também se aproxima do seu povo para examinar e ver se há frutos.

Cristo não é injusto para exigir uma safra abundante daqueles que são pequenos e tenros na fé, mas Ele quer que, na medida do nosso crescimento espiritual, possamos dar bons frutos.

Aquela figueira estava cheia de folhas, era bonita e chamava a atenção daqueles que passavam pelo caminho, porém nem mesmo promessa de frutos havia em seus galhos, o que levou Cristo lançar sua condenação sobre aquela figueira. 
Assim como a figueira, o povo de Deus não pode viver de aparências.  Belos e megatemplos, potente aparelhagem de som com abundância de instrumentos musicais, belas vozes que fazem um show que leva o povo ao delírio, obras sociais de causar inveja à Cruz Vermelha, assiduidade a todos os cultos e intermináveis campanhas de jejum, tudo isso pode não ultrapassar a mera aparência. Não há condenação para aparências, mas Deus condena toda aparência sem fruto.

Deus quer que seu povo frutifique,  Ele quer que seu povo multiplique o amor e a justiça derramada sobre seus filhos. Deus quer encontrar entre seus filhos, verdadeiros adoradores, que o adorem em espírito e verdade. Ele quer que possamos semear a sua palavra e também praticá-la, pois Cristo disse: "vocês não podem dar frutos se não permanecerem em mim" (Jo 15.4c) e permanecer em Cristo é praticar tudo que Ele ensinou.

Portanto, não se preocupe com a aparência de santidade, pois Deus não quer encontrar em você apenas aparência, Ele quer encontrar o bom fruto do Espírito Santo.
Pr André Luiz Gomes Schröder

sábado, 19 de janeiro de 2013

ANSIEDADE






“Não se preocupem com a sua própria vida, quanto ao que comer ou beber; nem com seu próprio corpo, quanto ao que vestir. 


Não é a vida mais importante que a comida, e o corpo mais importante que a roupa? […]


Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” 


(Mat. 6.25,33)





A sociedade da competição, da luta pelo poder, do status, da moda, da busca desenfreada por bens de consumo, ou seja, a sociedade do egoísmo, da cobiça, da indiferença e da insegurança, produz no homem a incerteza quanto ao futuro e faz nascer a ansiedade.


A ansiedade produz um vazio na alma e desencadeia a busca pelo preenchimento desse vazio. Daí muitos recorrem vício do cigarro, da bebida ou das drogas, enquanto outros recorrem alimento e comem compulsivamente, já outros recorrem à busca de um objeto indefinido que não é encontrado, por isso passam a comprar qualquer coisa, principalmente aquilo que parece lhe agradar. Mas nada disso resolve e à medida que a ansiedade aumenta ela potencializa a incerteza quanto ao futuro e por fim o medo do desconhecido, impedindo assim a luta para enfrentar os desafios comuns da vida.


O mundo moderno nos ensina fazer planos, estabelecer objetivos e traçar metas. Este é um bom caminho. Em Lucas 14 vemos que aquele que inicia uma construção sem antes se assentar e fazer os planos e cálculos de gastos é tido como insensato, daí porque até mesmo para seguir a Cristo é necessário avaliar o ônus de ser servo. Entretanto, ao planejar falamos aquilo que é incerto, desconhecido e que pertence ao futuro e isso não pode nos causar preocupação excessiva e tomar conta dos pensamentos causando ansiedade na alma.


Sendo Cristo o bom pastor, Ele quer nos dar a paz. Ele quer nos ver como ovelhas em pastos verdejantes e à beira das águas tranquilas (Sl. 23). Ele quer nos dar alegria e é por isso que Paulo escreveu aos Filipenses (4.4-7), dizendo: “Alegrai-vos sempre no Senhor. […] Não andeis ansiosos de coisa alguma”. 


Mas como não andar ansiosos se temos motivos fortes para ter medo do futuro? Como o pai de família não se preocupará com o alimento de seus filhos se não tem um emprego ou como o jovem não se preocupará com a profissão a seguir se ele terá que fazer a escolha entre centenas de cursos? E a doença que pode tirar a vida, como não se preocupar e ter medo dela? Há muitas coisas que podem aprisionar nossos pensamentos: a casa, o carro, a mobília, o casamento, o concurso, o notebook, o celular novo tão desejado, enfim, tantas coisa que podem se tornar o centro de nossos pensamentos e agora o pastor repete aquilo que o apóstolo Paulo disse: “não andar ansiosos”?


Realmente pode parecer algo impossível simplesmente não andar ansiosos, e verdadeiramente será impossível se não abrirmos os olhos para o ensino bíblico. Paulo nos ensina que em lugar da ansiedade, devemos lançar sobre Cristo toda nossa preocupação por meio da oração, tornando conhecidas de Deus as nossas súplicas, revestidas de ações de graças, pois a gratidão a Deus se fazer presente em toda oração verdadeira. No evangelho de Mateus Cristo nos ensina a nos preocupar em buscar o reino e Deus, pois as coisas que o nosso corpo precisa, Deus proverá. Portanto, em lugar de afligir-se, preocupar-se ou ficar ansioso, deposite sua confiança na soberania e no poder de Deus. 


O primeiro passo para aprender a confiar em Deus é aprender a ter prazer na lei do Senhor e meditar em suas palavras dia e noite (Sl 1.2). A palavra de Deus é um ótimo remédio para combater a ansiedade. Somente após aprender da palavra de Deus é que você entenderá com que profundidade o salmista disse:





“Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele e o mais ele fará” (Sl. 37.5)


Pr. André Luiz Gomes Schröder