sexta-feira, 24 de agosto de 2012

CANTAI AO SENHOR UM CÂNTICO NOVO!

Cantai ao Senhor, bendizei o seu nome; 
proclamai a sua salvação, dia após dia. 
[Sal 96.2]

Para o judeu o Templo de Jerusalém, também conhecido como o Templo de Salomão, era o símbolo máximo – visível – da  presença invisível de Deus no meio do povo, por isso, onde quer que estivesse o judeu deveria orar voltado para o Templo, pois considerava-se que aquele era o local exclusivo da morada de Deus, de sacrifício, oferendas, de comunicação com Jeová e de adoração com instrumentos de cordas, de sopro e percussão. 
Após a destruição babilônica do Templo em 587 a.C., seguida do cativeiro e dispersão dos judeus, houve necessidade de criar um local de reunião religiosa dos judeus, chamado de Sinagoga, porém houve a preservação do simbolismo do Templo, mantendo a doutrina salomônica, até a reconstrução do novo Templo, conforme se vê nos atos praticados nos primórdios da Era Cristã,  nos eventos da história de Jesus, tais como o anuncio do nascimento de João Batista, apresentação de Jesus no Templo, purificação do Templo, profecia de Jesus quando entra em Jerusalém e a grande migração nos dias de festas nacionais para as comemorações no Templo.  Tudo revela o zelo especial que Cristo e os judeus tinham pelo Templo e sua liturgia. 
 A sinagoga era o local de reunião – comunhão – julgamento das questões éticas-religiosas e, principalmente, sua função central, a leitura das "Leis e dos Profetas", seguido pelo doutrinamento pelos ensinos rabínicos e pela adoração mediante cânticos de salmos, porém não era um lugar sacrificial, pois os sacrifícios judaicos continuavam centrados no Templo, após sua reconstrução.
Nas sinagogas havia um sentimento de presença especial de Deus, porém somente no Templo havia o "santo dos santos" onde se guardava as Tábuas da Lei, mas na sinagoga havia um lugar especial para o "Livro das Leis e dos Profetas. A sinagoga não substituía o Templo, mas era um espaço próximo do povo onde o acesso era democratizado e produzia uma esfera de comunhão aquecida pelo cântico dos salmos, entoados pelo pequeno grupo que se reunia (em média 25 pessoas). É esse lugar que serviu de inspiração para os locais de reunião dos cristãos que muitas vezes se reuniram nas sinagogas.
Voltamos a repetir que na Sinagoga se praticava a leitura da Lei e a "adoração", mas vale ressaltar que após a destruição do Templo em Jerusalém os rabinos baniram o uso de instrumentos na sinagoga, como uma expressão de lamento e contrição pela destruição do Templo. 
Em I Cor 14.7, Paulo considera os instrumentos musicais como "coisas inanimadas" e em Efésios 5:19,20 incentiva a adoração na forma de "salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em no me de nosso Senhor Jesus Cristo". Daí se interpreta que a música é a exteriorização dos sentimentos do adorador e deve haver o firme propósito em "adorar", pelo que se evidenciava a participação pessoal e não dos instrumentos inanimados.
Hoje é comum encontrar cristãos que substituem seu envolvimento pessoal com a adoração pela participação exclusiva da "equipe de louvor", omitindo-se da expressão de louvor e apenas ouvindo aos outros. Há também casos de apresentação de um "show" instrumental que duram vários minutos em um volume ensurdecedor. Assim, a igreja se afasta de um dos objetivos da criação do homem: o louvor da glória de Deus. Não se deve banir os instrumentos musicais e o grupo que dirige o louvor, mas sim torná-los harmônicos com a participação de verdadeiros adoradores, que adorem em espírito e verdade, tendo da certeza de que Cristo Jesus se faz presente em sua Igreja, conforme sua promessa.
Não poderíamos deixar de falar no outro objetivo da sinagoga: "leitura da Lei". A igreja não deve olvidar a leitura da "palavra de Deus", ou patrocinar uma leitura de desencargo de consciência, lendo uma "rápida passagem" com uma meditação na mesma proporção. Assim agindo, a igreja se transforma em "creches espirituais" de eternas crianças espirituais.
Estes objetivos devem ser preservados, pois são essências da "igreja", portanto, cantemos, de todo coração e alma, um cântico novo ao Senhor!
Pr André Luiz Gomes Schröder

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O CAMINHAR PELA PREPARAÇÃO DO EVANGELHO DA PAZ




Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz.[Ef. 6.15]




Se você consultar um comentário bíblico para melhor compreender o versículo em referência, provavelmente irá encontrar uma explicação voltada para a necessidade de se equipar “com o evangelho da paz como sandálias, sugerindo que seus movimentos são guiados pela necessidade do testemunho do evangelho” [Comentário bíblico NVI, p. 1998], “a fim de propagar as boas-novas de Cristo que trazem paz suprema ao mundo” [Comentário bíblico africano, p. 1473], pois usualmente os comentarista faz a “relação deste evangelho com os pés, [o que] pode parecer estranha, mas esta ilustração se encontra em Is 52.7 e Is 10.15”, conforme ensina F.F. Bruce [O novo comentário da Bíblia, p. 2136], de modo que esta é a interpretação majoritária e predominante, que o cristão deve estar preparado para ir e pregar o evangelho da paz.


Quando olhamos o início da seção em que Paulo faz o chamamento para nos revestirmos com a armadura de Deus, ele justifica dizendo que é para que possamos “estar firmes contra as astutas ciladas do diabo” [Ef. 6.10] e para que possamos “resistir no dia mal, e, havendo feito tudo, ficar firmes” [v. 13]. Parece-nos que o objetivo principal da armadura cristã é resistir às ciladas do diabo, para que o Cristão seja vitorioso em Cristo Jesus.


Quero lhe propor um olhar diferente da maioria dos teólogos quanto à preparação adequada dos pés. Quando olhamos para o texto grego, ao aconselhar a “preparação” com o evangelho, o apóstolo Paulo diz hetoimasia, que faz referência não só ao “ato de preparar”, mas também à “condição de uma pessoa ou coisa de estar pronta ou preparada”. Assim sendo, a preparação com o evangelho da paz, recomendada por Paulo, equivale a estar pronto ou preparado com [ou pelo] evangelho da paz.


Cristo Jesus, ao concluir o Sermão do Monte, disse que quem ouve e pratica as suas palavras [Mat. 7.24], as palavras do evangelho que reconcilia o homem com Deus [Rm 5.9-11], é considerado um homem prudente e capaz de resistir às intempéries espirituais ou as ciladas do diabo, pois está firme na rocha pela experimentação, pelo viver diário na presença de Cristo, e já confirmou sua condição de filho de Deus, por isso não é levado por ventos de doutrina, não se assusta  ou se ressente com as provações, pois confia em quem ele crê e conhece o amor de Cristo e pode sentir o consolo do Espírito Santo da promessa.


Cristo apontou que o cristão vencedor, que resiste no dia mal, é o cristão que ouve e pratica o evangelho que reconcilia o homem com Deus dando-lhe a paz, portanto, calçar os pés com a preparação do evangelho da paz, não é somente conhecer sua mensagem, assim como não é somente anunciar o evangelho, mas assevero que calçar os pés com a preparação do evangelho da paz é andar diariamente praticando-o. É viver, conforme Paulo disse aos filipenses: “vivei, acima de tudo, por modo digno do evangelho de Cristo” [1.27]. 


A preparação do evangelho da paz deve resultar em prontidão e preparo para resistir às ciladas do diabo. Prontidão pelo conhecimento e domínio do evangelho para não ser enganado pelas artimanhas e falácias do maligno e preparo pela prática diária dos ensinos do mestre Jesus, pois darão comunhão com Deus, resultando em fidelidade a Ele.


Pr André Luiz Gomes Schröder

sábado, 11 de agosto de 2012

ALCANÇANDO A PRONTIDÃO PELA ORAÇÃO












Façam tudo isso orando a Deus e pedindo a ajuda dele. Orem sempre, guiados pelo Espírito de Deus. Fiquem alertas. Não desanimem e orem sempre por todo o povo de Deus. [Ef 6.18 – NTLH]













Paulo, na Carta aos Efésios 6.10-17, instrui os cristãos a tornarem-se "cada vez mais fortes, vivendo unidos com o Senhor e recebendo a força do seu grande poder", tomando para si e fazendo uso de toda a armadura de Deus, a fim de resistir contra todas as ciladas do Diabo e, no dia mau ou no dia do mais forte ataque do nosso opositor, permanecer firme e inabalável. 


Após a maravilhosa revelação do plano de guerra paulino, o qual conta com as armas disponibilizadas por Deus, o apóstolo Paulo entrega a segunda parte do seu manual de instruções e revela seu plano de uso em conformidade com o cristianismo.


O alerta de Paulo nos faz pensar sobre sua inspiração, a luta romana. Um exército que esteja com todas as suas armas e equipamentos jamais estará pronto para guerra se não estiver habilitado, em constante treinamento e vigilante, de prontidão, pronto para entrar em combate na hora do ataque.


A luta, o combate do cristão é um combate defensivo, no qual ele deve estar atento e alerta para não cair nas ciladas e artimanhas do Diabo, o que exige preparo e prontidão, porém tal combate não é somente defensivo, mas também requer ataque, pois Cristo espera que as portas do inferno não prevaleçam, não subsistam diante do avanço da Igreja do Senhor Jesus Cristo e por isso Ele mostrou para os discípulos que para enfrentar uma casta de espíritos é necessário oração e jejum [Mat 17.21 Mas esta casta de demônios não se expulsa senão pela oração e pelo jejum].


Sabemos que nosso inimigo é audaz, astuto e poderoso e por isso devemos nos preparar para enfrentá-lo, bem como devemos permanecer alertas para que ninguém seja pego despreparado e assim não haja surpresas, vindo a sucumbir. Por esta razão, Paulo nos ensina que devemos a armadura do cristão deve ser acompanhada de treinamento na presença de Deus, auxiliado e guiado a todo tempo pelo Espírito. O nível de treinamento e prontidão deve ser alto e é revelado pela oração [Marcos 14:38  Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca]. 


Assim como o atleta se prepara para a competição e alcança a boa forma pelo treinamento, o cristão se prepara para a guerra espiritual com a oração sem a qual não há condicionamento, não há vigília, não há preparo e não há guerra, pois houve deserção das fileiras do exército do Senhor Jesus Cristo.


Orai sem cessar [1 Tes 5.17].


Pr André Luiz Gomes Schröder

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

CEIA DO SENHOR

Um ritual de tristeza ou alegria? 

Quando o Senhor Jesus Cristo nos ensinou a celebrar a Ceia do Senhor, estabeleceu um rito memorial que apontou para sua morte, porém o fez dando graças a Deus, pois a vontade de Deus foi manifesta. Ele rendeu graças mesmo sabendo que seu desejo humano era de não enfrentar o calvário, que não poderia contar com a ajuda de seus amigos e que enfrentaria sozinho o sofrimento, o desprezo, a agonia física e moral e a morte. Em meio a tanto sofrimento que se aproximava, Cristo Jesus encontrou razão para dar graças.
Aos olhos humanos não encontramos motivos para Jesus dar graças a Deus, pois à sua frente estava o terror e a morte, porém pelos olhos do Espírito Santo de Deus é que podemos entender a atitude de Jesus, pois a vontade de Deus estava sendo cumprida, pois Deus colocou em sua conta os pecados de todos aqueles que se voltassem para Deus, e era necessário que Cristo pagasse um preço muito alto por esses pecados. Cristo pagou os nossos pecados com seu o sangue. Ele amou mais a soberania do Pai Eterno do que a sua própria vida.
Não havia motivos para Cristo gloriar-se no sofrimento, mas havia motivos para Cristo gloriar-se no cumprimento da vontade de Deus. É por isso que o sofrimento de Cristo não foi deprimente mas deu lugar ao louvor, à ação de graças, pois ele tinha em vista a soberania de Deus, o resgate de muitos e sobretudo o amor de Deus pelos homens.
Deus quer que possamos render-lhe graças [ Ts 5:18 "Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco"], porém muitos cristãos não encontram motivos para reder graças a Deus, pois seus olhos estão fixos nas tribulações deste mundo e amam mais suas vidas do que a vontade do Pai.
O fato de Cristo Jesus ter morrido em uma cruz, dando-nos vida eterna em razão do resgate pela substituição que ele fez em nosso lugar, é suficiente para nós rendermos graças ao nosso Deus. Isso é suficiente para que o culto em que celebramos a Ceia do Senhor seja um culto de louvor e gratidão a Deus. Porém, devemos olhar para as nossas vidas e, como o salmista Asafe, no Sal 77.11, nos  lembrarmos dos grandes feitos e milagres já realizados por Deus para que, continuamente, possamos render graças ao Senhor.
Alegremo-nos hoje! Ainda que haja aflição em nossos corações, alegremo-nos no Senhor, pois Ele tem feito maravilhas e seu amor é grande para conosco, pois "Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores" [Rom 5.8],  e ele é digno de honra e louvor.
Louvai ao Senhor!

Pr André Luiz Gomes Schröder