Cantai ao Senhor, bendizei o seu nome;
proclamai a sua salvação, dia após dia.
[Sal 96.2]
Para o judeu o Templo de Jerusalém, também conhecido como o Templo de Salomão, era o símbolo máximo – visível – da presença invisível de Deus no meio do povo, por isso, onde quer que estivesse o judeu deveria orar voltado para o Templo, pois considerava-se que aquele era o local exclusivo da morada de Deus, de sacrifício, oferendas, de comunicação com Jeová e de adoração com instrumentos de cordas, de sopro e percussão.
Após a destruição babilônica do Templo em 587 a.C., seguida do cativeiro e dispersão dos judeus, houve necessidade de criar um local de reunião religiosa dos judeus, chamado de Sinagoga, porém houve a preservação do simbolismo do Templo, mantendo a doutrina salomônica, até a reconstrução do novo Templo, conforme se vê nos atos praticados nos primórdios da Era Cristã, nos eventos da história de Jesus, tais como o anuncio do nascimento de João Batista, apresentação de Jesus no Templo, purificação do Templo, profecia de Jesus quando entra em Jerusalém e a grande migração nos dias de festas nacionais para as comemorações no Templo. Tudo revela o zelo especial que Cristo e os judeus tinham pelo Templo e sua liturgia.
A sinagoga era o local de reunião – comunhão – julgamento das questões éticas-religiosas e, principalmente, sua função central, a leitura das "Leis e dos Profetas", seguido pelo doutrinamento pelos ensinos rabínicos e pela adoração mediante cânticos de salmos, porém não era um lugar sacrificial, pois os sacrifícios judaicos continuavam centrados no Templo, após sua reconstrução.
Nas sinagogas havia um sentimento de presença especial de Deus, porém somente no Templo havia o "santo dos santos" onde se guardava as Tábuas da Lei, mas na sinagoga havia um lugar especial para o "Livro das Leis e dos Profetas. A sinagoga não substituía o Templo, mas era um espaço próximo do povo onde o acesso era democratizado e produzia uma esfera de comunhão aquecida pelo cântico dos salmos, entoados pelo pequeno grupo que se reunia (em média 25 pessoas). É esse lugar que serviu de inspiração para os locais de reunião dos cristãos que muitas vezes se reuniram nas sinagogas.
Voltamos a repetir que na Sinagoga se praticava a leitura da Lei e a "adoração", mas vale ressaltar que após a destruição do Templo em Jerusalém os rabinos baniram o uso de instrumentos na sinagoga, como uma expressão de lamento e contrição pela destruição do Templo.
Em I Cor 14.7, Paulo considera os instrumentos musicais como "coisas inanimadas" e em Efésios 5:19,20 incentiva a adoração na forma de "salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em no me de nosso Senhor Jesus Cristo". Daí se interpreta que a música é a exteriorização dos sentimentos do adorador e deve haver o firme propósito em "adorar", pelo que se evidenciava a participação pessoal e não dos instrumentos inanimados.
Hoje é comum encontrar cristãos que substituem seu envolvimento pessoal com a adoração pela participação exclusiva da "equipe de louvor", omitindo-se da expressão de louvor e apenas ouvindo aos outros. Há também casos de apresentação de um "show" instrumental que duram vários minutos em um volume ensurdecedor. Assim, a igreja se afasta de um dos objetivos da criação do homem: o louvor da glória de Deus. Não se deve banir os instrumentos musicais e o grupo que dirige o louvor, mas sim torná-los harmônicos com a participação de verdadeiros adoradores, que adorem em espírito e verdade, tendo da certeza de que Cristo Jesus se faz presente em sua Igreja, conforme sua promessa.
Não poderíamos deixar de falar no outro objetivo da sinagoga: "leitura da Lei". A igreja não deve olvidar a leitura da "palavra de Deus", ou patrocinar uma leitura de desencargo de consciência, lendo uma "rápida passagem" com uma meditação na mesma proporção. Assim agindo, a igreja se transforma em "creches espirituais" de eternas crianças espirituais.
Estes objetivos devem ser preservados, pois são essências da "igreja", portanto, cantemos, de todo coração e alma, um cântico novo ao Senhor!
Pr André Luiz Gomes Schröder